31 outubro 2008

AS MÚLTIPLAS FACES DA TECNOLOGIA: ALÉM DAS MÁQUINAS - EVOLUÇÃO DE UM CONCEITO



Na Grécia, a combinação dos termos técne (arte, destreza) e logos (palavra, fala), significam o fio condutor que abria o discurso sobre o sentido e a finalidade das artes.
Na modernidade, propiciou a visão e a reflexão sobre a técnica no sentido que possui na atualidade. O primeiro autor a considerar que a técnica poderia contribuir para o desenvolvimento e bem-estar da humanidade foi Francis Bacon.






É nas sociedades industriais e principalmente nas pós-industriais que a tecnologia se transforma em um fenômeno gerador.



Neste momento, a tecnologia é vendida como progresso, e uma sociedade que optou, explicita ou implicitamente, pela comodidade que a tecnologia lhe proporciona não tem escolha a não ser segui-la.

SABER QUE, SABER COMO.

“A Visão da ciência e da tecnologia tem levado, segundo Mendez (1989, p.27), a que só recentemente tenha surgido uma filosofia da tecnologia.” A filosofia ocidental tem marginalizado a técnica, inibindo, assim, o desenvolvimento de uma filosofia específica, que impôs a distinção entre ciência pura ciência aplicada, identificando esta última com a técnica e, em última instância, com aquele conhecimento suscetível de ser utilizado benigna ou perversamente.
Schaff (1985.p.29) resume esta postura “Nenhum avanço do conhecimento humano é reacionário ou prejudicial em si mesmo, já que tudo depende do uso que o homem fizer dele como ser social: uma mesma descoberta pode ser empregada para alcançar um novo paraíso ou um inferno muito pior que o que conhecemos até agora”.




POSIÇÕES DIANTE DO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO: A NECESSIDADE DE CRITÉRIOS PARA AVALIAR O SEU SENTIDO.


A transição da tradição para a modernidade é considerada como progresso por um parâmetro de eficiência intrínseco à modernidade e alheio a tradição. A questão não é que as máquinas tenham tomado o comando, mas que, ao escolher utiliza-las, realizamos muitas escolhas culturais implícitas. A tecnologia não é simples um meio, mas transformou-se em um ambiente e em uma forma de vida: é este o seu impacto substantivo.



OS PARADOXOS DA TECNOLOGIA, NO COTIDIANO.


“A prioridade dada pelos governos à pesquisa cientifica e técnica é uma prova de que são as idéias pertencentes a estas áreas as que parecem que levarão a um avanço da humanidade”.




CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE TECNOLÓGICA


A sociedade tecnológica caracteriza-se pela realização de uma produção em grande escala: orienta-se para o consumo de massa e para utilização de meios de comunicação de massa. Esta sociedade desenvolve-se à custa do meio natural e configura as estruturas sociais e os modelos de comportamento de forma a que se adaptem as exigências funcionais e pragmáticas da tecnologia.


24 outubro 2008

Tecnofilia e Tecnofobia como Formas de Ocultação da Problemática da Educação Escolar



Um percurso pela história e prática da educação possibilita a localização dos envolvidos no ensino escolar em um contínuo cujos extremos representam duas porteiras claras diante da possibilidade de considerar o conhecimento tecnológico nos processos de ensino. Em um extremo, seriam situados os que denominarei de tecnófobos, ou seja, aqueles para quem o uso de qualquer tecnologia (instrumento, sistema simbólico ou organizador) que eles não tenham usado desde pequenos e tenha passado a fazer parte da sua vida pessoal e profissional representa um perigo para aqueles valores que eles têm.



No extremo oposto seriam situados os tecnófilos, ou seja, aqueles que encontram em cada nova contribuição tecnológica, principalmente naquelas situadas no âmbito da informação, a resposta final para os problemas do ensino e da aprendizagem escolar.
Um dos primeiros exemplos de tecnofobia pode ser encontrado na postura de Sócrates diante da utilização da escrita. Segundo Platão, no diálogo de Fedro, Sócrates considerava que “se os homens aprendem à escrita, o esquecimento será implantado em suas almas. Deixarão de exercitar a memória porque confiarão no que está escrito dando a palavra a palavras que não podem falar em sua própria defesa ou presentear a verdade de forma adequada”.




O papel do rádio, da televisão, do cinema, dos computadores tem sido muitas vezes criticado, a partir de diferentes posições, pelo impacto hipotético sobre a população e, logicamente, sobre os alunos.
Quanto a sua utilização no ensino, as posturas contrárias ao seu uso costumam basear-se na perda das habilidades e conhecimentos considerados básicos que seu uso representa.
Neste sentido alguns teóricos e práticos da educação propõem “defender” os alunos dos perigos das novas tecnologias. Esta opção não costuma notar que, sem a possibilidade de decidir sobre os seus avanços e aplicações em todos os níveis da vida cotidiana, o desconhecimento dos aspectos técnicos, políticos, econômicos e éticos destas tecnologias, pode impedir que os alunos desenvolvam a sua própria posição informada diante delas e o joguem em uma ignorância perigosa sobre o seu próprio mundo. Apesar de que, obviamente, a escola não é a única fonte de aprendizagem.




No outro extremo desta perspectiva, encontramos aqueles que saúdam a escrita como uma liberação e uma forma de acumular e expandir o conhecimento, os que viam nos livros a solução para os problemas do ensino, como uma forma de seu trabalho e de possibilitar aos alunos o acesso mais amplo e diversificado à informação ou ao conhecimento acumulado.
O resto das tecnologias da informação, embora não tão amplamente introduzidas e usadas nas escolas, têm sido recebidas com o mesmo fervor pelos entusiastas de cada meio.




A proliferação da utilização das aplicações das novas tecnologias da informação e da comunicação, desde os computadores pessoais e os sistemas multimídia às redes de comunicação, tem levantado nos últimos 20 anos enormes expectativas no âmbito da educação escolar. Diversas vezes magnificou-se a capacidade destes aparelhos para lidar com a informação, para facilitar a compreensão de conceitos abstratos e a resolução de problemas; para aumentar a motivação dos alunos pela aprendizagem; para facilitar a tarefa dos professores, etc.



Essas duas posições até aqui exemplificadas, embora aparentemente possam parecer radicalmente diferentes, têm muito em comum. A postura tecnófoba esquece que, rejeitando a consideração e qualquer variação no trabalho docente, está usando mecanicamente um conhecimento tecnológico que aceita e reproduz sem reflexão, tornando-se uma técnica fossilizada que não levam em consideração as variações do contexto que a está aplicando. Enquanto isso, a postura tecnofila somente considera “tecnologia” as máquinas e aparelhos e o conhecimento elaborado desde âmbitos que tem pouco a ver com os problemas aos quais a educação escolar deve dar respostas, desconsiderando o conhecimento prático e teórico acumulado por anos de estudo e experiência. Neste sentido, ambas as perspectivas têm em comum não reconhecer a natureza do problema que pretendem resolver por meio da sua atuação, o que as situa em uma posição a partir da qual lhes é difícil dar resposta à problemática da educação escolar.

A Educação Escolar como Tecnologia Social



As funções básicas da educação correspondem à necessidade por um lado, de transmitir conhecimentos, habilidades e técnicas desenvolvidos durante anos e, por outro, para garantir certa continuidade e controle social mediante a transmissão e promoção de uma série de valores e atitudes consideradas socialmente convenientes, respeitáveis e valiosos. Um ambiente que permite realizar essas duas funções é o que hoje se conhece como sistema escolar.



A escola é uma “tecnologia” da educação, no mesmo sentido em que os carros são “tecnologias” do transporte. As salas de aulas são invenções tecnológicas criadas com a finalidade de realizarem uma tarefa educacional, o que professores fazem a cada dia de sua vida profissional para enfrentar o problema de ter ensinar determinados conteúdos durante certo tempo com o fim de alcançar metas, é conhecimento na ação, é Tecnologia.



Existe um consenso generalizado sobre a dimensão tecnológica da Didática, haja vista que, é uma disciplina de caráter prático e normativo que há de procurar levar a bom termo as intenções educacionais de forma eficaz, facilitando modos de ação concretos. E ainda de acordo Rosenblueth (1980) a educação pode ser concebida como um tipo de Tecnologia Social e um educador como um tecnológo da educação. Para Gimeno (1981, p. 85) “a técnica pedagógica dever partir de um conhecimento da realidade, de sua gênese e funcionamento, mas sua missão é só guiar a configuração dessa realidade na relação marcada pelos objetivos”.
Nas propostas de reformas do ensino que estão sendo conduzidas em diversos países, a partir de modelos curriculares de diferente envergadura, reside num duplo problema: (a) a necessidade de responder às exigências dos novos sistemas de produção e à mudança tecnológica e (b) a necessidade de planejar um currículo que garanta uma formação básica de qualidade para todos os cidadãos. Tentar cobrir as duas necessidades pode gerar algumas contradições.
No documento elaborado pelo Ministério de Educação e Ciência (1987, p. 23) para discutir o projeto de reforma do ensino, fica especificado que: “O ritmo acelerado de inovações tecnológicas exige um sistema educacional capaz de estimular nos estudantes o interesse pela aprendizagem. Existe o temor, para alguns já elaborados na forma de diagnóstico, de que a humanidade tenha progredido mais em técnica do que em sabedorias. Diante deste mal-estar, o sistema deve responder procurando formar homens e mulheres tanto com sabedoria, no sentido tradicional e moral do termo, como qualificação tecnológica e cientifica”.
SANCHO,Juana M. Para uma tecnologia/trad. Beatriz Affonso Neves - Porto Alegre:ArtMed, 1998.

Indagações

1 - Como inserir a tecnologia na educação pública, se ainda a tecnica da escrita e leitura ainda não è de qualidade?

2 - Qual a responsabilidade do professor nesta deficiência e no possível papel de mudança ?

3 - De que forma a tecnologia pode trazer beneficios para melhorar a educação pública, para que se torne mais qualitativa?